quinta-feira, 1 de abril de 2010

O furacão acabou com tudo que havia lá. Estava relendo as primeiras páginas antes da viagem, antes mesmo de pegar o avião. Eu estava tão animada! Todas nós estavamos.Só o fato de pensar em ir só entre amigas para essas praias tão lindas, já me fazia arrepiar todos os pêlos do braço só de emoção.Nunca imaginei que isso poderia acontecer.
Lembro dos primeiros dias em que nós estavamos tomando sol, brincando no mar, comendo aqueles chocolates que eles deixam em cima dos travesseiros.Estava tudo perfeito, tudo melhor do que o planejado. Até que aconteceu. Lembro como se fosse hoje, como se o tempo tivesse congelado, como se fosse um sonho. Sonho não, pesadelo.
Antes de viajarmos, meu primo estava fazendo um trabalho sobre desastres naturais, e ficou ótimo. Eu li e reli o trabalho de tão interessante que estava.
No quinto dia no paraíso, eu percebi que o tempo havia mudado, os pássaros estavam agindo diferentes, é como se eles estivessem saindo da cidade apressados. Eu sabia o que era aquilo, mas não era especialista e não queria acreditar. Eu sabia que alguma coisa ruim ia acontecer.
Um sexto sentido me falou para sair dali, e eu não discuti com ninguém sobre isso. Esperei.
Á noite, chamei as meninas e decidi contar a elas. Acharam que eu estava bêbada, ou brincando, me deixaram tão irritada que eu decidi ligar para os meus pais e ir para casa. Saí antes que elas acordassem, mas tropecei em um sapato e acabaei caindo, acordando a Natália. Ela deve ter visto o medo em meus olhos, sem nenhuma palavra, ela me abraçou e sorriu como se soubesse o que estava por vir. Voltou a dormir. Eu não entendi nada, mas não deixei isso me atrapalhar, fui para o aeroporto e embarquei.
No avião eu só imaginei se elas me perdoariam por deixá-las lá. "Claro que me perdoariam, são minhas melhores amigas " Só isso me consolava.
Quando cheguei ao Brasil, só queria abraçar minha mãe, meu pai, meus irmãos e meus cachorros, era como se eu quase tivesse perdido eles. Estava feliz de estar em casa.
Três dias depois, recebi uma notícia, a pior que podia receber. Um furacão acabou com a cidade onde ficava o hotel que estavamos hospedadas. Estavam á procura de sobreviventes, mas não foram muitos. O desespero me atingiu, eu devia ter obrigado elas a voltarem. Eu sabia o que ia acontecer lá. Era tudo culpa minha.
Alguns dias depois, os corpos de todas haviam sido encontrados, menos o da Natália que dois dias depois foi encontrado no mar. Eu não conseguia sair debaixo das cobertas, não dormia, não comia. Só pensava no quanto fui culpada. Hoje quando finalmente resolvi fazer alguma coisa, achei uma carta da Natália. Minha mãe tinha achado dentro de uma das minhas malas. A carta foi escrita no dia em que eu contei a elas sobre meu pressentimento.A carta dizia:
"Liza,
eu sei o que vai acontecer, e acredito em você. Mas não vou voltar, porque não vejo jeito melhor de morrer a não ser com minhas melhores amigas. Você deve estar se culpando pelo que aconteceu, mas a culpa não foi sua. Nunca vai ser. Você só tem que se lembrar que nós te amamos e nós vamos estar com você sempre.
AMIGAS PARA SEMPRE. "